“As redes sociais manipulam as pessoas”, diz líder de Igreja russa

08/02/2012 16:42

O líder maior da Igreja Ortodoxa russa aconselhou que os cidadãos do país não deveriam confiar em redes sociais. Esses sites tornam as pessoas “vulneráveis a manipulações”, uma referência clara ao fato de eles serem usados na organização de protestos em oposição ao governo.

Aproximadamente 40 mil pessoas marcaram pela internet um protesto, no centro de Moscou, contra a eleição legislativa que deu ao partido de Vladimir Putin uma pequena maioria.

“A confiança ingênua de uma pessoa nas informações disponível em redes sociais, aliadas à desorientação moral e perda de valores morais básicos, tornam os jovens fáceis de serem manipulados”, afirmou o patriarca Kirill.

O comício chamou atenção de todo o país e teve discursos do antigo governante Mikhail Gorbatchov e do conhecido blogueiro oposicionista Alexei Navalny. Num sinal de rejeição às mudanças políticas prometidas pelo presidente Dmitri Medvedev, o objetivo do comício é pressionar o premiê e candidato à presidência Vladimir Putin. O líder do partido Rússia Unida vem respondendo às críticas da oposição com concessões mínimas e se mostra confiante numa vitória na eleição presidencial em março do próximo ano.

Kirill declarou que apenas a mudança política não é suficiente para mudar a sociedade. Isso só poderia, segundo ele, acontecer pela “metamorfose da alma”.

Apoiada historicamente pelo governo como principal religião da Rússia, a Igreja Ortodoxa vem conquistando poder cada vez mais desde a queda do comunismo. Os defensores dos direitos humanos alegam que a separação entre Igreja e Estado, determinada pela constituição, está sendo constantemente violada por ambas as partes.

Em um país onde a televisão é rigidamente controlada, a internet tornou-se o meio mais popular para a organização de protestos no país. De outra maneira torna-se quase impossível ter acesso ao que acontece no lado dos oposicionistas.

A Igreja Ortodoxa Russa diz que apenas enfatiza a necessidade de preservar a paz social e evitar revoluções no modelo da Primavera Árabe, que derrubou ditadores na África e no Oriente Médio. O Arcebispo Vsevolod Chaplin, chefe do Departamento de relações entre a Igreja e a sociedade no Patriarcado de Moscou declarou que “A coisa mais importante agora é manter a paz civil”. Ao mesmo tempo, a Igreja pediu que os líderes do país escutem as demandas do povo.

No sábado, milhares de pessoas juntaram-se para uma marcha pela avenida de Moscou, exigindo a modernização do sistema político e a realização de novas eleições. Os manifestantes (120 mil segundo os organizadores; 30 mil de acordo com a polícia) entoaram palavras de ordem como “uma Rússia sem Putin” e “Não desistiremos, o poder somos nós”. Uma nova manifestação está marcada para os primeiros dias de 2012.

Com informações O Globo e Spero Forum

 

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