Ex-chefe da Polícia Civil do Rio frequenta igreja do pastor Marcos Pereira e pede perdão a ex-traficante

02/03/2012 10:30

A igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias (ADUD) ficou nacionalmente conhecida por causa de seu trabalho em penitenciárias, entre os fiéis convertidos pela igreja estão pessoas que anteriormente eram envolvidas com diversos crimes como roubos e tráfico de drogas. O líder da igreja, o pastor Marcos Pereira, ficou famoso por resgatar bandidos condenados pelo tribunal do tráfico.

Além de ex-bandidos a igreja tem entre seus membros pessoas conhecidas, como o ex-pagodeiro Waguinho e Tonzão, que liderava um famoso grupo de funk carioca. Agora a igreja tem também em seu rebanho o ex-delegado, ex-deputado estadual e ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Álvaro Lins.

Lins está em liberdade provisória após ter sido condenado pela Justiça Federal, a 28 anos de prisão por lavagem de bens, quadrilha armada e corrupção passiva. Ele esteve na sede da igreja, em São João de Meriti, Baixada Fluminense, no último dia 13, onde participou de um culto e deu uma entrevista na qual falou que estava errado em seus conceitos anteriores sobre o trabalho da ADUD.

“Na minha cegueira de homem, que achava que conhecia as letras, imaginava que era impossível fazer o trabalho junto com traficantes e pessoas envolvidas em crimes, pelo interesse da mão de Deus. (…). Então, é uma alegria poder reconhecer, dizer que eu estava errado, que eu errei e pedir desculpa ao pastor Marcos por ter duvidado do trabalho. Eu vi, com meus olhos, ele retirar pessoas envolvidas com o tráfico, pessoas prestes a morrer, e trazer de volta à vida”, afirmou o ex-delegado, que chegou a investigar a conduta do pastor quando ainda era delegado.

Na igreja, Lins teve ainda um momento de reconciliação com um ex-traficante, que havia sido preso por ele e sua equipe. Álvaro da Silva, o Alvinho, acusado de ser um dos ex-seguranças do ex-traficante Bem-Te-Vi, na Favela da Rocinha, deu seu testemunho durante o culto e ouviu do ex-chefe de polícia um pedido de desculpas: “Eu me lembro do episódio envolvendo ele. Era uma operação no Morro do Vidigal.(…) O testemunho dele é verdadeiro. Fiz questão de dar um abraço apertado nele. De dar meus parabéns, de pedir desculpa também se alguma coisa foi feita nele de mal”, disse Álvaro Lins.

Segundo o advogado de Lins ele agora é evangélico e sobrevive dando aulas de Direito numa faculdade. Em entrevista a um programa de TV da ADUD o ex-delegado afirmou que agora é um “soldado à disposição da igreja”.

Seu encontro com a vida espiritual, segundo o ex-deputado, estará no livro que será lançado este ano. O livro será intitulado “280 dias”, em referência ao período em que ele esteve preso em Bangu 8.

 

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